Hoje fui lá de novo.
Há já uma semanas que não punha lá os pés e, aproveitando a boleia, acabei por ir até com alguma vontade.
A meio, naquela parte em que só temos de ouvir, deixei de olhar para as coisas das mesma maneira. Sentei-me direita no banco e pus-me a olhar em redor com mais atenção. Tantas pessoas, tão diferentes, tão distintas. Depois, num acesso de parvoíce, pus-me a pensar no tempo que restava a cada uma delas. Nos entretantos, procurei com os olhos os lugares quase marcados onde, outrora, se sentaram sempre as mesmas pessoas. Agora, estavam lá outras - porque as primeiras, ou deixaram de lá ir ou foram levadas deste mundo.
Estranho. Mais 40 ou 50 anos (e estou a ser optimista), o meu lugar (embora o de hoje não fosse o meu "marcado") também irá ser de outra pessoa, de outras pessoas.
Não sei se alguém pensará nisso e também não me interessa muito. Eu perdi ali uns largos minutos a pensar no que raio fazemos nós aqui, ali, acolá, seja onde for. Nasce-se, anda-se na (e não à) escola, trabalha-se, casa-se (ou não!), têm-se filhos (ou não, again!), continua-se a trabalhar, mais um ou dois verbos no meio e morre-se.
E lá fica o nosso lugar para outras pessoas. (Claro que nada disto daria que pensar, se o ser humano não fosse um animal de hábitos e, de cada vez, se sentasse num lugar diferente!)
Naquele bocadinho de manhã, pensei em tudo menos naquilo em que estava a ouvir.
Acho que é medo. É esta conversa do "agora já vais ser crescida!". Enfim.
No meio de tudo isto, foi tão bom estar ali sentada ao lado dela. Ela que, como todos os outros assíduos, também tem um lugar marcado. Mas hoje não. Hoje era um dia diferente e o Agosto é sempre de livre arbítrio, no que respeita ao sítio onde nos sentamos.
Já não a via há uns dias e tinha saudades. Não de muita coisa, só mesmo de tê-la ali, segura, ao meu lado. Depois, por breves segundos, pensei como seria quando o lugar dela também fosse ocupado por outras pessoas, mas abanei (muito discretamente) a cabeça de modo a afastar esses pensamentos parvos. Não percebo.
Se calhar, mais valia ter ficado na cama.