03 dezembro 2007


Vamos por partes; um mês é imenso tempo.
Este mês? Ui, pareceu dois (ou três).

Tenho de me sentar com o Tico e com o Teco; temos de ter uma conversa séria. Só nós os três, sem mais ninguém a opinar ou a interferir. A vida tem destas coisas. Às vezes, temos mesmo de parar, ouvir e aprender. E, quem sabe, assimilar também. :)

02 novembro 2007

Band of Horses - Is There a Ghost?


Quando queremos muito uma coisa e o tempo parece que não passa.
Quando contamos com um projecto e depois nada corre como planeámos.
Quando confiamos no bom senso de alguém e acabamos por nos desiludir.
Quando nos é dada uma outra oportunidade e nem sabemos como agir.
Quando a nossa imaginação nos dá a volta ao juízo, mas não nos importamos.
Quando o riso é desculpa para o que quer que seja.
Quando os bons amigos nunca, mas nunca nos falham.
Quando a música pode, aqui e agora, dizer tudo.

There is no such thing as perfection, mas há sempre aquelas coisas que podem ser mesmo muito boas.

Tu sabe-lo e eu também. Just wait and see. :)

29 outubro 2007


Razões que me mostram que os anos passam:*


1.º - No outro dia, eu e a mãe assistirmos, incrédulas, a uma conversa entre o pai e o mano sobre GILETES! O_o
2.º - Alguém me perguntar, com alguma desconfiança, se ainda posso ter Cartão Jovem;
3.º - Quando sou eu que, aos domingos de manhã, ofereço boleia.

Damn. Humpf.

*ou isso, ou que estou mesmo a ficar (mais) velha. Bah.

26 outubro 2007

The Perishers - Come Out of the Shade


É um estado de plenitude. :)

É, a sério. É o ir para a cama a sorrir e acordar ainda mais bem disposta. Saber que, por pior que seja o tipo de projecto, vou dar a volta por cima da melhor maneira e vou poder respirar de alívio quando o e-mail seguir. Mas não é só isso. É mesmo o facto de tudo parecer ter o seu lugar agora. De um momento para o outro, certas coisas deixaram de pesar, de fazer sombra. E sorrio, sorrio. :)

Continuo a ouvir-te e a deixar que me digas todos os sítios onde te dói. O porquê, o onde, o como e o quando. Nada disso deixou de estar comigo, mas agora consigo discernir onde acaba o teu problema e onde começa o meu. E eu sei, é estranho. Mas está a acontecer e não posso, nem quero, mudar esta maneira de encarar as coisas. Não aprendi em lado nenhum, não andei a ver se mudava de atitude. Aconteceu.

Assim como aconteceu tudo à minha volta parecer mais cor-de-rosinha. Os meus pais deitarem corações todo o dia e a boa disposição com o mano ser uma constante. Começo seriamente a acreditar que ninguém ri tanto como nós cá em casa, por tantas horas do dia, pelas mais variadas razões. E upa upa, é quase Natal. Bolos, primos giríssimos e crescidos em volta da mesa a dizer parvoíces. (L)

E o Outono já chegou. E não foi um Outono qualquer, foi um daqueles como eu gosto. Com o vento fresquinho a bater na cara, ao mesmo tempo que o sol aquece as bochechas. :) E sorrio, sorrio.

A sério, se não fosse cá por coisas, dizia mesmo que ando "feliz". :)

23 outubro 2007


"You look like the songs that I've heard my whole life coming true."

:)

18 outubro 2007

Rosie Thomas - All My Life


O filme de hoje lembrou-me de ti.

Não pela história em si, mas pelo tipo de percurso mental que se faz quando se vê um filme francês, daqueles do cinema dito independente. Acho que terias gostado, tal foi a loucura de cenário parisiense. :D

Tinha lá o Adam Goldberg, que pode ser o homem que menos me atrai no mundo, mas que não deixa de ser um actor que sabe o que faz e que me fez rir o filme quase todo. Tinha lá aquela miúda francesa que entrou naqueles filmes de que gostas muito, os do amanhecer e do anoitecer. :P E ainda tinha o miúdo do Goodbye Lenin! (que vai-se a ver e nasceu em Barcelona), com ar de psicopata.

Aliás, foi mesmo a Julie Deply que realizou e escreveu o argumento deste filme, portanto podes deduzir o que te esperava.
O que importa aqui é que tenho saudades tuas. Saudades do cinema bem partilhado, dos crepes com gelado + banana, das conversas de tudo e nada no Super S., à espera do bus e a morrermos de sono, das longas horas de telefone só de coscuvilhice parva, dos serões a ver séries (e eu a dormir já), das saídas no Bairro e dos abracinhos no fim de um dia bera.
Falta muito para Janeiro, gorda? :P

E sim, pronto... o "I've been waiting for you to come" pode ser para ti.
Só hoje. :)


P.S. - Nos entretantos, haja P. fofinhos para rirem connosco no cinema e dizerem as coisas mais parvas deste mundo. Aqueles tontos mais-do-que-tudo. (L)

The Cinematic Orchestra ft. Patrick Watson - To Build a Home


Quanto mais tempo passa sobre uma coisa, menos nos conseguimos distanciar do que teve realmente impacto. Quanto mais pensamos sobre isso, menos vontade temos de partilhar, tal é o medo de que algo se perca.


Não esperava nada do que se passou. Mas não sonhei nada, não foi fruto da minha imaginação.

Não sou muito tímida; pelo menos, nunca me foi apontado nada que me fizesse crer o contrário. Sou embirrante, isso sim. Não é toda a gente que me arranca um sorriso sincero, que me faz dar atenção ao que é dito. E, ao contrário do que se diz por aí, eu até custo a deixar que as pessoas façam mesmo parte da minha vida.



Portanto, não sei explicar o que aconteceu. Não sei exactamente dizer como não me senti deslocada. Como nada do que se dizia ou fazia me parecia perfeitamente descabido e fora do contexto do que tenho para mim como divertimento.



Sim, claro que há diferenças. Almoça-se a meio da tarde e janta-se quase à hora de dormir. Fala-se uma língua com uns e outra com outros. Defende-se a terra com unhas e dentes e não se dá sequer espaço ao que não faz parte daquilo em que acreditamos, com medo de que nos tirem o que agora já nosso. Não existe "se faz favor", "com licença" e "obrigado". E quando os há, ouvem-se mal. As ruas desenham-se todas pelo mesmo traço. A cor das fachadas não destoa. Os passeios estão limpos e o verde abunda. Não acompanhamos o mesmo ritmo. O metro chega sempre do lado contrário. O cão até ladra noutra onomatopeia.

Há uma luz diferente.
Há pessoas que se descobrem e que não nos são estranhas.
Há abraços que se dão, que contam mesmo.

Não sei. Não consigo dizer como foi; de tão bom.
Português, Catalão, Inglês, Castelhano e até um pouco de Italiano. A comunicação nem sempre parecia correcta, mas surgia sempre da maneira mais fácil. E todos nos entendemos.



É um mundo, é uma vida. É mais do que uma mão cheia de pessoas novas, de histórias que ainda não conhecíamos, de músicas que ainda não partilhámos. E quero mais. E vou ter. Já não falta muito para a acarinhar como uma casa; minha também. :)

10 outubro 2007

Radiohead - House of Cards


Picky
.

Acho que é esta a palavra. E não há nada a fazer.

03 outubro 2007


I was on your porch,
The smoke sank into my skin,
So I came inside to be with you,
We talked all night,
About everything you could imagine,
'Cause come the morning, I'll be gone,
And as our eyes start to close,
I turn to you and I let you know,
That I love you.
(...)
He grabs me by the shoulder and he tells me,
Whats left to lose? You've done enough,
And if you fail then you fail but not to us,
'Cause these last three years,
I know they have been hard,
But now it's time to get out of the desert and into the sun,
Even if it's alone.

The Format

A vontade era a de te abraçar, a de te dizer que tudo vai ficar bem. Mas sei que não vai e eu nunca aprendi a mentir-te. Descobri um pouco mais de ti agora. Conheço e sei de onde vêm as tuas histórias. Sei de que cores te vestes e o que te faz (ainda) sorrir. Não imagino sequer como se levanta a cabeça no not-so-happily ever after. Sei, no entanto, que mão que te apazigua. Sei a paz que não vais voltar a ter tão cedo e vejo cair sobre ti tudo o que te faz curvar.

Mas amo-te como se ama alguém que nos pertence de sangue e de alma. Amo-te de uma forma que não se diz nem se brada só por ser bonito. E estou aqui, já nem tão longe quanto isso. E tu sabe-lo, que eu sei.


Uma pessoa deixa passar tudo em vão, mas as coisas realmente tiveram o seu significado.

Ora portanto, estreei-me no belo do Sudoeste (putos, pó, putos e mais pó), que até foi benzinho. Claro que sou muito mais dada a concertos do que andar feita parva a rebolar pelo chão. Acho que cada um sabe de si, though. :)
Vi bandas que não veria assim à toa, porque nem devem voltar tão cedo a Portugal. Bom, muito bom. Tive pena de não ver o Sérgio, mas pronto, não se pode ter tudo.
No meio disto tudo, eu e a P. ainda fizemos uns amigos. LOL
Realmente... ele há com cada coisa. E acho que nunca mais vamos ter uns banhos tão... tão... alternativos, digamos assim.
"Olhe, desculpe, podíamos usar a sua mangueira?" :D

E para colmatar o Verão, como não podia deixar de ser, a querida Festa do Avante. A 8.ª, se não estou em erro. A música não foi tão boa este ano, confesso. Contudo, a magia permanece a mesma; assim como o facto de levar sempre gente nova todos os anos, ou de passar as noites de sexta sempre na mesma companhia ou de dançar a Carvalhesa cada vez com mais gente! (Nem comento os amoches que os miúdos agora acham que fica bem nos entretantos. Haja paciência.)


All in all, parece que tudo vale a pena.
Nem que seja só porque sim e também porque na volta a casa, vou cansada, mas feliz.
E haja JaVardo nas nossas vidas. :D

Filled with sweet scents of autumn blooms.


Gosto do Outono. Acho que nem é só gostar... tenho-lhe assim um amor imensurável. E sim, eu sei, é sempre bom ir para a praia, andar com pouca roupa, não achar o tempo deprimente, etc.; mas eu, euzinha, gosto do Outono. Acho que não há altura do ano em que o aconchego saiba melhor.

O Outono sempre foi sinónimo de regresso às aulas, acho que é isso.

Mas também é o vestir do casaco ao fim do dia, quando o fresquinho já incomoda. E o regresso das chávenas de chá com leite, das manhãs com menos claridade, do ânimo para um novo dia de trabalho, das saídas para sítios onde se possa dançar com menos mau cheiro e dos bocadinhos de praia, em silêncio, só com os pés descalços na areia. :D

Gosto do Outono, gosto mesmo.

21 setembro 2007

The Darkness - Growing on Me


Acho que mais estranho do que reatar com ex-namorados, é reatar com "ex-amigos". Que nunca chegam verdadeiramente a ser exs, daí que se consiga reatar. Se calhar, com os namorados passa-se o mesmo e nem nos damos conta. Eu devia, though. Já que tenho um doutoramento no assunto, quase.

Mas é estranho só nos primeiros instantes. Nas primeiras conversas, nas primeiras noitadas. Sobretudo porque vamos desfiando histórias, rotinas e pessoas que não fazem parte do que nos lembramos ser comum. Depois, é um bem-estar indescritível. O toque, os olhares, a cumplicidade e o riso.

Nada como nos darmos com gente que usa e abusa da espontaneidade. Gente a quem se diz "vamos?" e vamos mesmo. Seja onde e a que horas for. Gente que não perde muito tempo com coisas que não interessam muito.

Amigos, daqueles que sabem bem e que ainda nos fazem festinhas, só porque sim. Amigos que dormem connosco na mesma cama e que partilham mergulhos na piscina. Amigos que nos levam a passear e a quem damos mimos, que é como quem diz gelados e bolos.

Amigos, dos bons e sem dramas. :)

20 setembro 2007


Sinto-me em dívida.

Não sei bem porquê ou para com quem, mas sinto-me em dívida. É como uma espécie de compromisso, eu escrevo, tu lês e a sintonia acaba por ser perfeita. Assim, é do meu lado que têm saído mal as notas.

E tanta coisa que já escrevi na minha cabeça e sei que nunca vai passar para o ecrã. Dias com novas prioridades, dias com coisas diferentes.

24 agosto 2007

Desencanto



Tardou a chegar, mas [parece-me que] veio para ficar.

12 agosto 2007

Glen Hansard & Markéta Irglová - Falling Slowly


É uma sensação de perda. É achar que não devia estar aqui, que isto não é o lugar que me prometeram. Acho que é ver o mundo de cima, lá longe e em fast forward. É perceber que nada importa e que é tudo criado nas nossas cabeças e pela nossa imaginação. A ficção não ajuda... e a realidade não abunda.

Quero aqueles Outonos de volta. Quero aquele sorriso de ingenuidade.

27 julho 2007

Jorge Palma


Olá! Sempre apanhaste o tal comboio?

Eu já perdi dois ou três
entre o ócio e as esquinas
ganhei o vício da estrada
nesta outra encruzilhada
talvez agora a coisa dê
o passado foi à história
cá estamos nós outra vez

Conheço a tua cara, mas não sei o teu nome
eu escrevo já aqui, não sei o quê, arroba-ponto-com
vou-te reencontrar noutro bar de estação
ou talvez quando perder mais um avião
o barco vai de saída, tu estás tão bronzeada
é tão bom ver-te assim, ardente
tão queimada

Eu quero reencontrar-te noutra esquina qualquer
sem saber o teu nome ou se ainda és mulher
quero reconhecer-te e beber um café
dizer-te de onde venho e perguntar-te porquê
sorrir-te cá do fundo, subir os degraus
eu quero dar-te um beijo
a cinquenta e tal graus

(...)


Sempre apanhaste o tal comboio?
Eu já perdi dois ou três
entre o ócio e as esquinas
ganhei o vício da estrada
nesta outra encruzilhada
talvez agora a coisa dê
o passado foi à história
cá estamos nós outra vez
cá estamos nós outra vez



[Nunca fui propriamente fã do Jorge Palma... aprendi a gostar dele nas várias vezes que o vi ao vivo. Mas este álbum, e sobretudo esta música, mudam completamente o cenário. Aquela última frase, a esta altura do campeonato, é das que faz mais sentido.]

19 julho 2007

"Who the fuck's Arctic Monkeys?"


Esta moda nova de se passar os concertos a tirar fotos com o telemóvel só para se ter provas de que se esteve mesmo lá, ou a de fazer vídeos para pôr no youtube, ou a de fazer moche nas músicas que não têm nada a ver... hum... aborrece-me. Pergunto-me o que desfruta esta gente do concerto propriamente dito? Da música ao vivo?

Depois é assim que uma pessoa se torna elitista ou armada em mete-nojo. É assim que já não ponho os pés numa plateia com pouco espaço, é assim que prefiro o meu lugar nas bancadas, onde vejo bem e posso dançar à minha vontade. E nem tenho de cheirar o sovaco do miúdo ainda sem barba! Claro que é tudo próprio da idade (desculpam-nos as mães), mas então deve ser próprio da minha idade já não ter o mínimo de pachorra para gente parva e mal educada. E bem sei que isto não se aplica exclusivamente aos menores, mas ontem estavam - claramente - em maioria.

Nevertheless, (L) do tamanho de uma coisa grande para os meus macacos preferidos!
E não sei se já disse, mas cá para mim estas são das melhores frases deste último álbum.

And do me a favour, and ask if you need some help!
She said, do me a favour and stop flattering yourself!
How to tear apart the ties that bind, perhaps fuck off might be too kind,
perhaps fuck off might be too kind.

Post-its


"Às vezes dou por mim a pensar que já nem me lembro da última conversa de amigos que tivemos. Não me lembro. Nem do quando, nem do porquê. Até já estou habituada a que as pessoas saiam da minha vida pela porta dos fundos, pela janela ou até mesmo saltando o muro. Mas tu... tu saíste pela porta da frente. E não a fechaste simplesmente... bateste com ela, de tal modo que fiquei atordoada e sem saber como reagir. Agora ficamos assim, um sem o outro, só porque tu achaste que sim. Ou tu, ou ela."


"É que já nem é o passado que me chateia. Já nem é o que fizeste ou disseste ou deixaste de fazer ou dizer. És tu, mesmo. Não suporto a tua presença. O teu sorrisinho cínico. O facto de te passeares por aquela empresa como se fosses o senhor e o dono da razão e tivesses todo e qualquer motivo para andar de cabeça erguida. E ouve, se há alguém que teria todas as razões para complexo de avestruz, tu és uma delas. Acho que nunca me dei tão a sério com alguém que depois desprezasse tanto."

"Queria que entendesses que isto não é um arrufo. Pelo menos, não é um daqueles que a tua mãe costumava apelidar de namorados. Aliás, eu nem sei o que isto é. Falta de comunicação, mais do que qualquer coisa. Qual é exactamente o problema? Estás zangada porquê? Ou não estás... é desprezo puro, então. Eu sei, sim; sempre soube. Eu preciso mais de ti, do que tu de mim. Mas o tempo passa também... e a importância das coisas acaba por desaparecer. Estás a perder o que não devias, estás a privar-me de coisas que não podias. Enfim... talvez um dia as coisas melhorem. Talvez um dia percebas que não é por não falarmos das coisas, que elas se extinguem e deixam de ter significado. Até lá, não esperes por mim."

"Já chega, entendes? Já chega dessa atitude parva e um tanto ou quanto infantil. És uma mulher feita, já bem crescida. Que lógica é que têm essas parvoíces? Estás a dar cabo de ti e a constranger os que te rodeiam. Sou tua amiga, sim. Sempre fui. Mas não entro nesses joguinhos de toma lá, dá cá. Nessas histórias de promessas vãs, de discursos não pensados e de choro sem sentido. Queres mudar as coisas? Então pára de falar sobre o assunto e age. Se não queres, então não me envolvas em nada disso... simplesmente porque eu não posso, nem quero ter qualquer papel nesse filme. Já me bastam os meus."

"Irrita-me que sejas assim. Irrita-me que aches que podes ser a melhor amiga quando te convém e ficar meses sem dizer nada, quando já não precisas de "desabafar". Acho que não eras assim. Acho que nunca foste tão self-centred, foste? E eu sei que acabar um curso é complicado. Eu sei que no primeiro ano passamos por muitas coisas e que a entrada no mundo do trabalho e dos ditos crescidos não é coisa fácil, mas e daí? Achas que foste a única? Achas que só a ti é que te surgiram dúvidas? Achas que é justo que só te lembres das pessoas quando as coisas não te correm bem? E depois dizes à boca cheia que sou das tuas melhores amigas. Que sou das pessoas que melhor te conhece. Maybe so. Mas, clearly, tu não és das que melhor me conhece. E é uma pena, já que tínhamos tudo para que assim fosse."

"Não percebo o que pretendes de mim. A sério que não. É uma sensação de não come, nem deixa comer. E bem sei que toda a nossa "estória" não abona a favor de nada. Pouco de mim, mas tão menos de ti também. Entendes isso? Nunca foi só de um lado, nunca. E podes levar o resto da tua vida a dizê-lo em voz alta. Podes dizer isso de mim, da outra e da outra. Mas põe a mão na consciência... pensa comigo... não estás propriamente inocente, estás? E nem podias, porque nunca ninguém o está. E não, agora não quero nada disso. E nem devia precisar de me justificar. As coisas não podem ser como tu queres porque não podem. Sabes tão bem as razões como eu, portanto e como diria a Harriet Hayes: Don't play stupid, it's incredibly rude. (...) These are acts of cruelty, disguised as cuteness."

Arcade Fire - Neighborhood #3 (Power Out)*


Um post só para Arcade Fire.
Bons, bons, tão bons. A sério.
Deixo de ser o que quer que seja que sou e oiço-os. Depois, volto a mim.



And the power's out in the heart of man,
take it from your heart put in your hand.
And there's something wrong in the heart of man,
Take it from your heart and put it in your hand!


*porque cada semana me (re)apaixono por uma.


Sempre tive um medo muito grande de ter visitas em casa. Nem sei bem porquê... mas acho que sempre achei que as pessoas depressa iam preferir estar noutro lugar que não aqui. Isto deve ser porque sempre fui muito mais visita do que visitada, quando era miúda. Não é fácil combater o comodismo infantil... e quem cresce com a J. como melhor amiga, tem de se fazer à vida! Que é como quem diz, ir ter com ela senão fico meses sem a ver. :P

Mas, ultimamente, até tem sido com alguma frequência que visto o meu melhor fato, me armo em Monica Geller e deixo tudo a brilhar e me imagino como a melhor anfitriã do mundo. :D Tenho perfeita noção de que é tudo uma ilusão, mas ao menos tento.

Assim sendo, passou-se mais uma semana em regime bilingue. E sim, eu tenho mesmo de aprender Catalão. Deitar tarde, levantar tarde, almoçar tarde e nem jantar! Mas oh, rica vida... e oh, que grandes concertos. (L)
Apesar de todas aquelas coisas que só têm importância nos segundos em que decorrem, até não deve ter sido assim tão mau. Or so I hope.

Um (L) enorme para a L. e outro não maior, mas diferente para o A.! :P
Falta muito para Setembro? :D


Sting - Fields of Gold


Sou de grandes paixões. Sou daquele tipo de pessoas que quando é, é para ser mesmo. Verdade que não o é muitas vezes, mas isso eu já não controlo.
E depois há aquelas paixões que deixam de ter uma presença física e constante, mas que ficam a fazer parte de tudo... mais que não seja num cantinho daquela estante, no quarto do Tico e do Teco, que alberga tudo o que realmente importa.

Isto, entrou directamente para um favourite spot. Ficção de qualidade.
E esta música, que nunca me disse nada.
E sim, o Matthew Perry podia ser o homem da minha vida. Todos os dias.

O mal de se deixar passar muito tempo entre uma coisa e outra, é que depois já não sabemos exactamente o quão importante foram as palavras, os gestos e os olhares naqueles determinados momentos.
O mal da falta de tempo de que toda a gente se queixa, é que nos deixa a vida a meio. Sem princípio, meio e fim. Tudo e nada, aqui e ali, agora e depois.

Tudo uma questão de hábito, dizem.

24 junho 2007




Avessadas;
Marco de Canaveses;
Guimarães;
Braga;
Porto;
Espinho;
Capela do Senhor da Pedra;
a C. e o O;
e... o grande S. João! :D

Há fins-de-semana assim: perfeitos! (L)

19 junho 2007


Acho uma piada à "minha geração".
Ora portanto... se uma pessoa se deita às 5/6h da manhã e dorme no outro dia até às 16/17h, é uma resistente, uma fixe, uma dos cá da malta, uma maluca. Se uma pessoa tem sono e se deita à meia-noite, até porque no outro dia tem de acordar pouco depois das 7h, é uma farsolas, não tem vida para isto, está a ficar velha e é uma cocó. Mesmo que continue a ser a que dorme menos horas.

Sim, senhor. A lógica da batata.
Até porque tudo nesta vida parece ser uma competição.
Três palavrinhas: SO-COR-RO.

Coldplay - Warning Sign


Hoje ouvi das coisas mais absurdas. E, para além disso, soube de uma coisa que me deixou mesmo mesmo surpreendida. E é engraçado... acaba por ter piada as voltas que a vida dá. Ou as voltas que as pessoas dão, para acabarem exactamente no mesmo sítio onde outrora acharam que tudo tinha começado. Não vale a pena gozar com ou apontar o dedo a... calha a todos, sem excepção.

Não sou de todo uma pessoa rancorosa, o que tem o seu lado bom e mau. Devia era ter também muito má memória, isso sim. Não se pode mesmo ter tudo.


[A warning sign,
It came back to haunt me and I realized,
That you were an island and I passed you by,
And you were an island to discover.

When the truth is,
I miss you.

And I'm tired,
I should not have let you go.

Ai ai... culpa da L.]

Oração de São Francisco de Assis

Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz;
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé;
Onde houver erros, que eu leve a verdade;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar,
que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado;
Pois é dando que se recebe;
É perdoando, que se é perdoado;
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Não por fazer sentido, mas porque nem sempre tem de o fazer. E não, eu não sou desse tipo de pessoa. Eu sou mais daquele tipo que faz sempre a cama antes de sair de casa. No matter what. :)

15 junho 2007


Eu não sou muito destas coisas, mas odeio odeio odeio odeio odeio gente que fala alto nos autocarros. Ou no metro. Ou em qualquer outro meio de transporte ou local público, for that matter.

E um ódio pouco mais ou menos igual (e misturado com asco) para aqueles que teimam em partilhar a língua e a saliva com o resto da população envolvente. Eu já sei há muito tempo como se faz, obrigada.

Argh. Chiça, penico.

12 junho 2007

Arcade Fire - No Cars Go


Between the click of the light and the start of the dream

Little babies? Let's go!
Women and children? Let's go!
Old folks? Let's go!
Don't know where we're going.


(L)

11 junho 2007


sorte


s. f.,

destino;
fado;
dita, fortuna, ventura;
acaso;
risco;
quinhão que tocou em partilha;
sorteio militar;
bilhete ou esferazinha nas rifas ou lotarias.

fig.,

desgraça;
maneira, forma;
espécie;
qualidade.


Há uns tempos, numa daquelas dúvidas que assolam aquelas quatro secretárias na empresa, acabei por ir parar a um dos melhores blogs que já li. Um dos posts nesse blog era exactamente sobre este assunto da sorte. Realmente... por piores que as coisas estejam, parece que temos sempre "sorte". É uma questão de mentalidade e a nossa é assim. E somos tão generosos que a sorte chega a passar fronteiras.
Quase que chega a ser engraçado... do género... um casal deixa os filhos sozinhos e levam-lhes a filha. Tiveram "sorte", podiam ter levado os três filhos. O primo é diagnosticado com meningite viral. Teve "sorte", podia ter sido a bacteriana. Somos um dos países da UE que menos aproveita os seus recursos. Temos "sorte", podíamos ser o pior mesmo. Os amigos deixam de nos falar só porque sim. Temos "sorte", podiam ter sido os nossos pais. O carro anda três meses com a inspecção fora de prazo e descobre-se no dia em que mais polícia existe na cidade. Temos "sorte", podíamos ter sido multados antes.
E a lista continua... portanto não há nada a fazer, parece que a "sorte" não nos larga.

E depois ainda há aquelas pessoas que não distinguem o "há" de haver e o "à" que é a contracção do artigo definido feminino singular com a preposição "a". Lá está... não tiveram a "sorte" de terem sido bem ensinados ou de ler estas coisas explicadas, como se faz aqui.

Sempre fui muito desconfiada com esta coisa da sorte. E cheira-me que vou continuar a sê-lo. Parece-me tudo muito volátil.

07 junho 2007

To tear apart the ties that bind...*



Durante pouco mais de uma semana, não há melhor sítio para se estar, senão aqui.

*perhaps ‘fuck off’ might be too kind.

01 junho 2007

From my language I see...


A beautiful field when the sun first arrives in the spring
The singing of the birds on the trees
A warm country that late emerged to be
Caring people that live near you
Cold people who would walk past you
And we’re all locked in the same things
Told to feel exactly the same things
Expected to become pretty much the same
Still the sun keeps shinning out of the window
Bringing deep blue to the surface of the sea
Now that dreams seem so far away
Laughter of children brings you back
It seems now you’re in a new way
Everything seems to be ok again.
From my language I see
Different people expecting to be
All a new you or a new me.

[Aqueles trabalhos das aulas de Inglês com a EMC.]

20 maio 2007

The Thrills - Not for All the Love in the World


Acho que não sei viver em contra-relógio. Pior do que isso... acho que não sei viver uma coisa de cada vez. Quero fazer tudo e não quero perder nada. Ou então quero apenas um bocadinho para ficar aqui, sentada, quieta. Só que não é fácil este estar sozinha no aftermath; custa perceber quão de tudo o que nos rodeia é realmente importante.

Bem sei que não foi pelas melhores razões que entrei naquilo. Também sei que nem sempre vi e ouvi o que devia e que raramente fui parcial. Tornou-se uma casa, though. Se o que define casa é um sítio para onde vamos e nos conhecem... nem sempre nos recebem da melhor maneira, mas nunca nos fecham a porta na cara. Melhor ou pior, os ocupantes passam a fazer parte da nossa vida. Sei que não expliquei tudo; sei também que não perguntaram com grande vontade de saber. Achei que estava a fazer o melhor que podia. Achei que esta sim era a melhor decisão. E ainda acho. Mas como em tudo na minha vida... acabo sempre por achar que podia ter feito de outra maneira, que podia ter evitado muita coisa. Mas não podia. Claro que não podia. Há coisas que não estão ao nosso alcance. A vida não dura muito e eu sinto-me a perder tempo.

Demasiados planos. Demasiadas perguntas. Demasiadas dúvidas. Tanto medo de que as coisas não tenham um final minimamente agradável. E não... não adiantou de nada terem avisado que isto ia ser assim. Não muda em nada a maneira como me sinto. Acho que nem todo o amor do mundo podia fazer com que pensasse de outra maneira; agora, neste instante.

Gostava que me percebesses sem que eu tivesse sequer de falar.

I'm fooled by something inside my head
If I lay down now
I might seem kinda dead...
Just keep on wasting time.


Não, não deve ser assim que as coisas funcionam. Ou, pelo menos, sempre quis acreditar que não. Sim, já sei... Sou too self-conscious and self-controlled. But so what?

18 maio 2007


A partir de amanhã, novas prioridades no pensamento:

Concertos, concertos, concertos, concertos, concertos, concertos, concertos, concertos, concertos, concertos, concertos, concertos, concertos, concertos; festivais, festivais, festivais, festivais, festivais, festivais, festivais, festivais, festivais, festivais, festivais, festivais, festivais; férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias, férias;

e depois... haja bebida, sol, praia, amigos, música da boa e da putice, com a dita a acompanhar (de preferência)! :D

14 maio 2007

I'm secretly on your side.


Estou tão cansada que nem consigo forçar-me a dormir. Sinto que devia e sei que o corpo precisa desse descanso, mas deito a cabeça na almofada e não consigo coordenar ordens com acções. Que raio de semana.

Acho que mesmo quando não se quer, as coisas que acontecem mudam-nos os planos que tínhamos previamente delineado. Deve ser normal uma azáfama quando se planeiam festas. Ou passeios, ou nadas. Há pormenores a que dou muita importância, outros que nem por isso. De vez em quando, deixo que pensem que estão a decidir coisas por mim. Deixo-me levar por essa ilusão de que alguém pode ter um controlo sobre a minha vida, os meus gostos e as minhas decisões. É estranho. Não é real, though. E tu sabe-lo, mesmo que finjas que não.

13 maio 2007

Lie in the bed you know or go.


Durante a semana traços planos para mil e uma coisas que quero fazer nas 48h do fim-de-semana. É inevitável, acho eu, que assim o seja. Fico com os minutos todos contados e com os trajectos já todos planeados. Não me importo, a sério que não. Contudo, não passa de uma ilusão.
Primeiro, porque nada sai como planeamos e segundo porque eu nunca consigo saber nada com muita antecedência, no que diz respeito aos sítios onde vou e com quem estou.

Não sou nada calculista e até costumo ser espontânea q.b., daí os planos saírem todos baralhados. Até combino coisas em cima umas das outras, porque a cabeça já não é o que era. Depois esqueço-me das pessoas e dos assuntos, não é bonito. Durmo pouco e mal vejo os ruços com quem vivo. Falho a coisas que já são um tanto ou quanto habitué e não tenho como me justificar. Isto tudo porque acho que devo ser mais organizada com o tempo livre de que disponho.
Que parvoíce.

Quando era miúda e os amigos se dividiam em várias frentes, costumava sentir-me da mesma maneira. Desdobrava-me em várias para conseguir fazer tudo e estar com todos em tempo igual. A mãe dizia-me sempre: "Não podes assistir a todos os altares, S.!" Achei sempre que ela estava a exagerar e as coisas só acalmaram mais quando a rotina mudou. Mas, e conforme o que sempre me disse, a mãe tem sempre razão. :)

Não posso assistir a todos os altares, não posso agradar a toda a gente, não posso fazer com que toda a gente me compreenda e perceba a razão de certas atitudes que tenho e/ou decisões que tomo. E depois? Isso é grave? Pois, já ouvi dizer que não... mas alguém consegue explicá-lo ao Tico e ao Teco? É que anda a tornar-se complicado. Ironicamente, dizer que não foi das primeiras coisas que aprendi, mas hoje é das que mais me custa a assimilar. E isto toma proporções brutais, quando o assunto toca oportunidades de estar calada. "Ah, gostava de ir, mas não tenho dinheiro" - não sejas parva, eu empresto-te. "Oh, queria saber arranjar aquilo, mas não percebo patavina" - não te preocupes, eu passo aí e resolvo-te isso. "Estou mesmo a sentir-me mal, precisava de desabafar" - eu deixo o que estou a fazer e vou já para aí. "Oh, não sejas parva, assim ficas tu prejudicada" - cala-te e vamos embora. "Não, achas que te fazia isso? Alguma vez te falhei?" - não, não... está tudo bem. "Não consigo lidar com isto, não consigo" - calma, não fiques assim, eu posso ajudar.

Tenho um mau feitio do tamanho do mundo, quando me chega a neura, torna-se mesmo complicado dar a volta a certos assuntos... mas sou uma estúpida com pessoas de quem gosto. E prejudico-me sim, para dor de cabeça da mãe, que revê em mim muitos erros que também ela cometeu.

Eu não queria passar do 8 para o 80, queria apenas que as coisas acontecessem uma de cada vez. Queria poder dormir mais, ter mais tempo para mim e para as coisas de que gosto. Queria receber um bocadinho daquelas pessoas a quem dou tanto. Queria que não me mentissem, só porque sim. Queria que não me usassem, só porque sabem que perdoo. Queria que não se afastassem sem uma justificação, só porque sabem que depois as aceito de volta. Queria que me dissessem que não, quando depreendem que me vai prejudicar. Ninguém tem obrigação de nada, nem com ninguém... mas isso também é só uma maneira de falar. Não é propriamente verdade e toda a gente o sabe.

E estou cansada. Cansada ao ponto de há já uma semana não conseguir ler no autocarro. Cansada ao ponto de não ver séries. Cansada ao ponto de não conseguir dormir, quando me deito de noite. E queria parar com as correrias, queria ter um colo onde me aninhar quando as coisas não correm exactamente como planeei. Devo ter sido eu que escolhi ter uma vida assim, até porque já dura desde que me lembro de ser gente, mas, ao contrário do que acredito, às vezes é mesmo possível mudar determinadas coisas. E eu quero; quero mais do que tudo mudar esta maneira de agir... esta loucura de dias e de noites em que não devia haver necessidade deste desgaste. Quero porque sim, porque só eu posso ser minha amiga a sério.
Eu sei, eu sei disso.

Sorte que tenho a melhor música do mundo para ouvir... pelo menos, a melhor música do meu mundo.

11 maio 2007

Imogen Heap - Useless


É isso, sim. Uma chapada daquelas bem grandes, mas que nem nos toca.
Aquela pessoa ali não sou eu. Aquele ali, és mesmo tu?

25 abril 2007

The Slip, Life in Disguise


Well the world is only a stage

And I'm just a man
With a sound caught in his throat
And a pick in his hand
But when the song comes tumbling out you understand
There's no great demand

Well it's there under your breath, behind your eyes
And you don't have to say nothing cause I realize
That everything somehow in someway eventually dies
It's life in disguise

It's your room and your board and your fireside
It's a shell that's been washed by a million tides
And if you're there you can see just how bright it shines

When there's nobody left in your heart, left in your head
When the whole world has packed up in shadows and left you for dead
When you can't fake a smile and you just can't get out of your bed
When the people you led turn to you looking so hungry and bare
And you were the one that had brought them there
And all you can do is just stare at your hands and whisper my name

22 abril 2007

Klaxons - Golden Skans


Depois de mais de cinco anos a viver nesta casa, ontem voltei a apaixonar-me por ela. Há já uns tempos que andávamos meio zangadas uma com a outra... por nada em especial, temos tidos uns horários complicados de conciliar. Umas tarefas que implicam não desfrutar dos momentos juntas da melhor maneira. :)
Ontem, numas poucas horas e sem os homens em casa, eu e a mãe demos a volta a isto tudo - como deve de ser - e não tardou a que o cheiro a Primavera (que é como quem diz a um daqueles produtos que lava o chão e que tem cor LOL) emanasse por toda a casa. Não que isto só aconteça na Primavera (ahem) , mas ultimamente andava a ser um pouco injusta - não só com a casa, mas sobretudo com a mãe.
Foi aí que, do nada, redescobri aquele cantinho. Era início de tarde, o sol já não batia directamente, mas continuava a aquecer a parede do lado de fora. Sentei-me no chão da varanda... encostada à minha janela e pensei... que saudades de te querer tanto. De querer esta casa, pela qual me apaixonei desde o primeiro momento. E até nem fui só eu... visto que a comprámos. :)

Nada como trabalhar em equipa com alguém de quem gostamos; nada como depois ver o resultado desse trabalho; nada como depois aproveitá-lo. Tudo ao som da melhor música.
E ainda ter tempo para passar o resto do tempo livre na rua, a aproveitar o sol, a companhia e as noites em que já sabe bem chegar tarde. Sabendo sempre que ela continua aqui, de braços abertos e com os cantinhos todos disponíveis, mesmo quando o nosso mau feitio nos coíbe de lhes dar o devido valor. Se ao menos o produto que lava o chão pudesse wash off as lembranças entranhadas por todo o lado. As boas e as más.

O John Howard Payne tinha toda a razão quando, em 1823, se lembrou de escrever a letra para a música Home, Sweet Home. Se gostarmos do sítio onde vivemos, pouco ou nada nos pode meter medo, porque temos sempre um porto seguro para onde voltar. Pior é quando crescemos e percebemos que nada dura para sempre, contrariamente ao que aquelas histórias que nos contaram faziam crer. Mas bom, uma coisa de cada vez. :)

A hall of records, or numbers, or spaces still undone. (L)

Quem faz festas a galego, ainda mais galego é.

Já dizia a minha avó I. e acho que ela tinha - definitivamente - razão.
So, I guess I'm over and done with it.


And we'll both take our revenge
But we still don't feel any better
(...)
I'm scraped and sober, but there's no one listening to me at all.

19 abril 2007

Here with me


Não é por mal, R., a sério que não. É só que… os dias passam. Os meses, os anos. As coisas acontecem e vão-se sucedendo. A vida continua sem nunca parar; ainda que todos quiséssemos um pequenino intervalo.

Não é que não continue a doer; claro que dói. Não é por te ter esquecido, nada disso. São vários os dias (e noites) em que me lembro de ti. O olhar que cativava e aquele sorriso bom. Ninguém te substituiu. Sei que até podes pensar assim, mas não é verdade. Aliás, eu até gostava de poder falar mais de ti, das poucas coisas que ainda tenho para contar... mas não é fácil achar quem me oiça sem constrangimento. Better yet, é extraordinariamente difícil. As pessoas não lidam bem com estas coisas, sabes? Fazem aquele sorriso desajeitado e percebo que tenho de me calar ou, pelo menos, de mudar o assunto. Não tem mal, é compreensível. Acho eu.

Contudo, isso não muda em nada o que se passa entre nós. Não muda em nada a falta que me fazes. E não é parvoíce, não é paranóia... há coisas que acontecem por um motivo, mas R., esta não foi uma delas. Ou então... eu ando muito equivocada sobre o assunto.

Já viste bem quantos anos passaram? Consegues perceber como tudo mudou? Consegues ver como a evolução tem sido complicada?
Acho que ainda ninguém passou da fase de adaptação. Por isso é que o silêncio continua a ter este peso. Por isso é que pouca gente se digna a falar contigo, a ouvir o que tens para dizer. Eu gostava de poder ficar mais tempo lá sentada, junto de ti. Gostava de, numa realidade paralela, poder ouvir-te rir, contar histórias, dizer coisas que só miúdos com quase 7 anos dizem. Gostava de saber como entoarias as palavras, como conjugarias mal os verbos mais difíceis.
Gostava de saber se continuas a bater palmas quando estás contente. Se a praia ainda é para ti das melhores coisas. Se continuas a detestar o amarelo. Se já te fartaste do nosso jogo das mãos.

Eles herdaram muito de ti, sabes? Toda a gente finge não ver, mas há muitas coisas das que eram tuas neles. Acho que irias adorá-los. Não por obrigação ou pelo sangue, mas porque são miúdos extraordinários e repletos de pormenores que só tu irias entender. Sei que sim.

Eu hoje dava tudo por um abraço; daqueles que já sabias dar tão bem. Dava tudo por umas festas no cabelo, daquelas que fazias quando o sono já apertava. Dava tudo por te sentar no meu colo agora que já és grande, como outrora fazia quando não passavas de um bebé crescido.

Tudo mudou, R.; não é só de agora. Não foi só este ano. Às vezes sinto-me culpada por não me lembrar o suficiente. Fico triste por já não conseguir recuperar o teu cheiro; o teu toque. O coração fica apertado quando revejo na memória todos os minutos daqueles dias. O branco não foi o suficiente para que pudesses acalmar as almas perdidas. Sabes bem que, a única coisa que me consola, é a certeza absoluta de que não estás sozinho. É saber que tens agora, tal como eu tive, oportunidade de poder crescer junto das duas pessoas com o melhor coração deste mundo. Tens a sorte de ser mais amado ainda, por uns (bis)avós que te consideravam como (bis)neto. E digo-te, aqui entre nós que ninguém nos ouve, não há ninguém que dê melhor mimo do que esses dois tontos, que tudo fizeram para que nunca nada me faltasse.

Confia em mim; há amores que não precisamos de conquistar, são-nos oferecidos. E o meu será sempre o teu.

16 abril 2007

Oasis - Stop Crying Your Heart Out






"You can't change who people are without destroying who they were."
Jason Treborn







Conheço algumas pessoas que se arrependem das coisas que não fizeram; outras que não se arrependem de nada, porque acham que a vida é mesmo assim - cheia de coisas que não controlamos; outras que acham que tudo tem uma razão de ser; outras que acham que o destino já nos tramou a todos e que estamos aqui mesmo só a cumprir o que já traçaram por nós; outras que nem sabem a quantas andam e que também não querem saber; outras que fazem tudo certinho e direitinho, mesmo que depois no fim nada as faça respirar de satisfação; outras que se arrependem de muita coisa, mas que já não têm tempo para pensar nisso e outras que têm as suas próprias ideias. Conclusão? Conheço demasiadas pessoas! LOL

Acho que sempre me arrependi mais do que fiz do que daquilo que não fiz. Até porque há poucas coisas que não tenha feito, na acepção do tipo de coisas que poderíamos pensar duas vezes antes de as fazer. Dizem que é característica de uma pessoa impulsiva. Txaram, here I am.

Aprendi com o tempo que é estupidamente difícil contrariar as coisas que moldam a pessoa que somos. E aprendi sempre à custa de dramas, histórias e filmes daqueles que podiam ter tido público, plateia ou audiência. Perdi a conta às vezes em que imaginei como o rumo das coisas teria sido outro, tivesse eu agido de maneira diferente aqui e ali. Claro que depois percebia que alterando algumas coisas, impedia que outras tivessem sequer existido e ficaria tudo demasiado estranho. E se numas vezes cheguei à conclusão de que isso seria uma boa solução; noutras percebi que nada deve ser evitado assim e que as coisas têm o seu rumo natural.

Recuso-me a achar que tudo o que aconteceu de errado até aqui tenha sido, única e exclusivamente, culpa minha. Até porque seria irreal pensar dessa forma. Contudo, nas vezes em que imaginei fins diferentes para a mesma história, era sempre eu que mudava aqui e ali. Ou talvez nem sempre, agora que penso mesmo nisso. Deve ter a ver com a perspectiva das coisas. Deve ser normal que só vejamos a nossa versão modificada com tanta nitidez. Conhecemo-nos, sabemos exactamente os pontos fracos e onde dói mais.


Numa altura da minha vida em que andava neste impasse em todos os minutos dos meus dias, fui com a minha amiga C. (grande companheira de inúmeras tardes de cinema, durante o chamado período académico) ver o Butterfly Effect. Assim à toa, sem saber bem de que se tratava. Como aliás vou quase sempre, para grande desespero da P.! LOL
Enfim.. vim de lá com um aperto no coração; com um daqueles nós na garganta que se transformariam num pranto, caso o abraço certo tivesse chegado ali e naquele momento oportuno. Claro que não chegou, até porque fiquei em tal apatia que não consegui articular palavra. No caminho para casa nesse dia, revi todas as coisas que outrora tinha magicado. Todas as voltas e reviravoltas que faziam parte do mosaico paralelo ao da minha vida real. Acho que nunca nenhum filme me disse tanto assim logo à primeira. Acho que nenhum outro filme foi tanto ao pormenor de uma coisa que eu já sentia há tanto tempo. Claro que eu e o Evan temos vidas completamente diferentes, claro que ele é ficção e eu não (pelo menos na maior parte do tempo!), mas o mosaico dele era surpreendentemente compatível com a minha esperança de que as coisas podiam ter sido diferentes. E não digo só em relação a ti, ou a ti ou àquilo ou à outra coisa, digo em relação a inúmeras coisas pequenas que, numa existência paralela, teriam forçosamente de ser adaptadas.

Há uns dias, um amigo disse-me que o filme ia dar na TV. Há já uns tempos que não revia o filme; em 2005 "apresentei-o" a várias pessoas e vi-o sem contar as vezes. Assim, acabei por me render ao puro prazer de ficar de novo colada a um enredo que me diz tanto. E, como se não bastasse, a introdução da música no final.. aquela música, A música, que funde todos os bocadinhos dispersos ao longo do filme, todos os bocadinhos da nossa vida que também precisariam de remendos e que os cola permanentemente num outro mosaico que já não tem volta, que já não pode ser transformado nem mudado.

Isto é o que temos. Isto é o que tenho. Não adianta remoer muito mais no assunto. Fico-me só grata por um dos melhores filmes da minha vida. :)

Bloc Party - I Still Remember


Hoje acordei com saudades tuas.
Assim, do nada e sem aviso prévio. Talvez tenha sonhado contigo, mas não me lembro.
Sei que foste a primeira coisa em que pensei assim que acordei. Depois, naquele bocadinho entre o acordar e o toque do despertador, fiquei a olhar para o vazio lembrando-me de diversas coisas. Nestas manhãs (que cada vez parecem ser menos frequentes), lembro-me sempre de uma coisa nova. Nada muito importante, mas sempre uma daquelas pequenas coisas que deviam ter perdurado a certeza do certo que tudo me parecia naquele momento.
Os minutos demoram mais a passar quando penso em ti. Sobretudo de manhã. E sei que vou tirar de todas as músicas que vou ouvir no caminho um ou dois versos que se adequam perfeitamente a cada um dos momentos lembrados. E depois sorrio. Não é um sorriso daqueles que consegue iluminar uma sala, mas também não é bem um sorriso triste. Sei que fico a olhar interminavelmente no vazio. Claro que depois há sempre qualquer coisa que me chama a atenção e o momento pára. Abruptamente, sim, mas só por um instante. É difícil deixar de pensar em ti quando o dia começa desta maneira; mais ainda quando vou naquele trajecto sozinha.
Contudo, a vida não é feita de paisagens pela janela. E quando o meu dia realmente começa, já estás bem longe do meu imaginário. Pelo menos, longe daquele bocadinho que me faz sorrir para ninguém. Longe daquele bocadinho que teima em ficar comigo e que faz de ti o objecto dessas saudades que me fazem acordar de uma maneira tão diferente.

06 abril 2007


You're the echoes of my everything,

You're the emptiness the whole world sings at night.
You're the laziness of afternoon,
You're the reason why I burst and why I bloomed...
You're the leaky sink of sentiment,
You're the failed attempts I never could forget.
You're the metaphors I can't create to comprehend this curse that I call love...

How will I break the news to you?

25 março 2007





Só porque a gorda deixou. E porque é giro. :)

The Kooks
Kaiser Chiefs
Maximo Park
Bloc Party
Klaxons
e... Arctic Monkeys!

Saudades de Inglaterra. Tantas.

22 março 2007


Há coisas beras e há coisas más. E depois há coisas por que já esperávamos e outras que só nos faltava ter a certeza. E ainda há aquelas que nos doem e as que nos deixam com tal nó na garganta que parece que tudo em volta fica blurry.
E depois há o compreender e perceber. Há que admitir o erro e não pensar mais no assunto. Nos entretantos, though, há também que aceitar e, o pior de tudo, que nos resignarmos por agora já não se poder fazer nada que mude a situação.

E sei que também te sentes assim, sei porque era uma coisa para as duas... mas, ora essa... os planos podem divergir agora, contudo a meta será exactamente a mesma.
Palavra de gorda. []

"At the end of the day, I'm just not very good at being at my own, and seeing Sean tonight threw me. It's so much easier to get over people when you can pretend they've stopped existing – almost as if they've died. You feel sad rather than angry. You can grieve. And I think it helps you to move on. But it means that when you do see them it's that much more painful, a big fat reminder that they're out there, living their life, not giving you a second thought."

in Brand New Friend, Mike Gayle


*sighs*
Bom, há livros assim. Parece que encaixam. :)

20 março 2007


"Rob wondered whether they were talking about the latest series of
Alias, which had just started on cable, because that was a conversation he was dying to have with someone who actually cared."

in Brand New Friend, Mike Gayle


Lindo! :D
As coisas que me acontecem quando os livros são randomly pick na prateleira de Literatura Inglesa da Fnac. C., só me lembrei de ti e como terias adorado se te tivesse acontecido o mesmo. :P

08 março 2007

Symphonie pour les Etoiles


Acordo e sei, pelo barulho que vem do exterior, que ou choveu ou está a chover. Não gosto muito do som que os carros fazem quando passam no chão molhado. Ainda assim, e por mais que tentasse enganar o despertador, levanto-me. Um dia daqueles, mas com perspectivas de um final risonho.
Sei que nem vale a pena levar o livro hoje, tenho demasiado sono. Nem às sms da noite anterior respondo; não me consigo concentrar. Acho que o facto de me deitar e de acordar com isto a doer não facilita. Sei que vai demorar semanas até que passe e feche minimamente, mas enfim.

Há dias em que o trabalho ali é mecanizado. Ontem foi um deles. Contudo, é curioso o afinco com que se trabalha quando se sabe que se vai sair mais cedo. Seja por que razão for... o entusiasmo de sair mais cedo é algo que só se vive na primeira pessoa, não dá para explicar. Mas vá, nem consegui aquilo. E queria, mesmo. Bem sei que não se pode ter tudo e eu já tinha desistido do Francês há muito.
Entre isso e o sol que afinal brilhava, acho que escolho o sol. Ou então a relação mais íntima que já tive com um frigorífico... e nem era meu ou de alguém que conheça. Quer dizer, era mais ou menos, but not quite. Foi giro. Isso e o jantar num sítio também engraçado.
E eu sabia... há muito que sabia que só ao vivo ia perceber a magia. Sabia que só ali ia fazer sentido; comigo sentada a observar de onde surgia aquela música que parece vinda das estrelas, aquela música que faz mexer os pés, mas que adormece a alma. Fui paciente.
Tenho um espírito do contra; acho que sempre tive. Quanto mais me falam de uma coisa, menos atenção tomo. É como se o mundo pudesse avançar uns bons quilómetros à minha frente e eu nem queira reparar. Não me importo de ficar para trás. Vou no meu próprio passo e também chego lá; sério que prefiro assim.
Então, ali fiquei. Completamente extasiada, tentanto (e durante um bocadinho não conseguindo) ignorar o bichanar que me rodeava. Ali, sentada, só a ouvir. Só a alimentar o corpo de coisas tão positivas como aquele calor do início de Primavera (que já não tarda).
Soube, naquele momento, que não há nada de errado comigo. Ou com o mundo. As coisas acontecem e pronto.

E acordei hoje a pensar assim; sem medo. Obrigada, Yann Tiersen. :)

04 março 2007

Seriously?


You seriously wanna know what's wrong?
Seriously?
You seriously wanna know what's going on?

Seriously?
Well, I don't think you should. Want or know. Seriously.

01 março 2007

Kaiser Chiefs - Heat Dies Down*


Nota mental: ter razão nem sempre é bom.

Porque se assim não fosse, agora estaria já quase boa. Não me doeria nada, conseguiria comer e falar assim à parva. Sim, que essas são as duas coisas que mais à parva faço.
Podia andar aí a aproveitar este sol que já cheira a Primavera e que já me faz andar com o casaco na mão ou pendurado na mala. :D
É prova de que nunca nada está como devia estar e, por algum motivo que desconheço, ultimamente tem sido sempre assim. Foi de terem mexido junto ao osso, é o que me dizem. Justificam com coisas que não vi, mas que senti. E eu acredito, sério que sim, mas enfim.. uma ou outra vez preferia não saber já as consequências tão bem. Preferia ser surpreendida pela positiva.
Ainda não foi desta; há-de haver uma próxima. Ou duas, melhor dizendo.

In the meantime, ganha-se um curso em como comer por uma palhinha e falar só o estritamente necessário! Não pode ser mau. :D


*Este novo álbum é TÃO bom! (L)

24 fevereiro 2007


"Não é verdade que o amor seja um sentimento incondicional. Há hiatos no amor. Tem horas em que a tolerância, a generosidade e as virtudes que o acompanham sucumbem às circunstâncias. Tem horas que você quer ver o seu amor morto porque seria um alívio. Esta é a verdade.

Depois o momento passa e a gente ama bonito outra vez.
Ou não."


in "A droga do vício", Entre ossos e a escrita, Maitê Proença

22 fevereiro 2007

Preston Smith - Oh, I Love You So*


Deve ser deste sol que agora bate na janela do bus todas as manhãs.
Deve ser dos batidos que a mãe se levanta, caridosamente, para fazer, de modo a que eu os beba antes de sair de casa.
Deve ser dos (muito) bons livros que me têm calhado na rifa, ultimamente.
Deve ser de todos os dias ter, pelo menos, um bocadinho de tempo para espreitar uma das minhas séries.
Deve ser de agora me poder deslocar com mais facilidade (? I wish! LOL), comodidade e rapidez.
Deve ser dos beijos na boca só porque sim.
Deve ser das risadas com a M., desde que chego até que saio daqui.
Deve ser daquele meu bocadinho de bom feitio que acarreta toda a boa disposição por que sou conhecida.
Deve ser dos All Star castanhos que ficam bem com toda a minha roupa.
Deve ser das festas, das peças de teatro, dos cafés (mais chás, se quisermos ser picuinhas), das visitas inesperadas mas há muito planeadas, dos telefonemas e dos jantares que se sucedem.
Deve ser por ter aceitado que o que não mata, engorda.
Deve ser por causa de qualquer coisa.

Facto que não sei do que é, but hell I like it! :D


*ou a banda sonora das cenas gravadas (supostamente) na Jamaica, com a bela Elizabeth Shue e o engraçado Tom Cruise (numa fase da vida dele em que ainda não metia nojo, segundo as palavras sábias da P.! LOL), no grande filme Cocktail.

20 fevereiro 2007

The Rembrandts - I'll Be There for You


Conjuguei, em menos de dois meses, dez anos da vida de uma série de pessoas. Dez anos do que imagino ter sido uma experiência singular e exemplarmente rica, como pouca coisa pode ser. É impossível não criar uma espécie de bond por personagens que nos mostram e nos "ensinam" tanta coisa, por tanto tempo.

Sim, é certo e sabido que eu sou a maria das séries televisivas. Vejo uma e outra, esta e aquela. Claro que nem todas deixam aquela marca que perdura, ou aquela vontade de rever os episódios, uma e outra vez. Um dia, quando falava sobre isto e tentando aliciar a L. para se aventurar numa série que eu gostava, ela disse-me que não tinha voltado a ver qualquer série depois de Friends. Não acreditava que pudesse haver outra melhor e então, nem arriscava ou se dava a esse trabalho. Lol Na altura ri-me daquilo, mas fiquei intrigada. Já tinha visto uns quantos episódios, na mítica hora de jantar, no canal :2. Contudo, achei que teria de ser do princípio ao fim, para que conseguisse entender onde ela queria chegar.

Tenho de agradecer-lhe publicamente então, por ter instigado esta vontade que me proporcionou alguns dos melhores momentos dos últimos anos. E o mais estranho? Foi que vi todos os episódios sozinha e nem por isso deixei de rir às gargalhadas (ao ponto da mãe vir ver o que se passava! O_o), de me emocionar, de chorar à parva (como se alguma coisa daquilo fosse real) ou de ficar com aquele nervoso miudinho, quando algo huge estava para acontecer. Já sem dizer que o meu repertório de piadas e de vocabulário parvo aumentou assim a olhos vistos! :D

Sim, claro... é só uma série; mas hum... é sobretudo uma DAS séries. Das melhores que já vi até hoje. Obrigada, L.! (L)

01 fevereiro 2007


Sempre achei incrível a facilidade como qualquer assunto se torna num rebuliço, neste país. Se calhar, não é só neste país.. mas como só conheço mesmo a realidade deste, não consigo deixar de pensar nisso.

Até porque (e porque passo grande parte do meu tempo na capital do dito) o assunto está em TODO o lado. Contudo, e depois de ouvir muitas razões pelo Sim e pelo Não.. continuo a achar que não se está a fazer campanha pelas razões certas. (Por mim nem se faria campanha alguma, mas tudo bem.) Afinal, o que está em causa aqui? É que, ou eu ando muito distraída ou anda tudo a apanhar bonés. A questão não é se concordamos ou não com o aborto, a questão é se queremos ou não que o mesmo seja feito em condições. Vá lá.. sejamos realistas. Não vão deixar de haver abortos, nem hoje, nem amanhã, nem nunca (com a dupla negativa a que tem direito, sim senhora). O que me preocupa aqui é a divergência para que o assunto está a caminhar.

Para mim, a campanha do Sim está a perder pontos. E porquê? Porque a campanha do Não ataca "onde dói", no grande Zé Povinho e nas pessoas estupidamente influenciáveis. É surreal saber que colocam panfletos nas malas dos miúdos para os pais lerem em casa.. é surreal saber que escrevem textos em nome de "bebés" que nem existem ainda.. é surreal saber que a Igreja condena publicamente qualquer um dos seus fiéis que ouse ir contra aquilo que a mesma defende.. é surreal pensar que os únicos argumentos que têm passem, única e exclusivamente, por fazer fitas sobre como o "bebé" sofre e se sente triste. Ou como a vida da mulher vai mudar horrorosamente para pior.

Eu respeito muito as pessoas que são contra o aborto. Eu também não sou propriamente a favor. Não acho que seja uma coisa que todas tenhamos de fazer pelo menos uma vez na vida, só para saber como é. Só porque sim e porque é giro. Aliás, acredito que não exista uma única mulher que faça um aborto "porque sim"! E aqui recorro àquele miúdo que toda a gente venera.. e de quem eu até nem sou grande fã, mas que não deixo de lhe reconhecer toda a perspicácia e wit. Uma crónica que li hoje, num link gentilmente cedido pela P., e que vai de acordo com aquilo que é também um pouco a base do meu argumento. Aqui, o RAP diz: "Confesso que não conheço nenhuma mulher que tenha feito um aborto só porque sim, sem um motivo. Mas é a verdade é que eu não conheço mulheres atrasadas mentais. Talvez seja por isso". Para mim, passa sobretudo por aqui. A campanha do Não tem como pressuposto que as mulheres são uns monstros e completas atrasadas mentais. Só pode.

E depois há a tal história da despenalização vs. liberalização. Mas qual é o medo, afinal? É de que, caso o Sim vença, as mulheres vistam todas o seu melhor vestido, pinem à bruta e vão abortar nas 5 semanas seguintes? Mas acredita-se mesmo que as mulheres vão passar a ser menos cuidadosas e a ter relações mais à parva só porque passaram a ter uma solução "fácil"? É esse o grande medo? É que é nisso que se baseia toda a campanha pelo Não, não é? Eu pergunto-me é que raio de mentalidade teríamos nós de ter para que isso acontecesse. A sério, que raio nos restava? Só a demência mesmo, creio eu.

As mulheres vão continuar a abortar. Volto a frisar que não é um referendo que vai mudar isso. Só que enquanto há aquelas que o podem e fazem a tal dita viagem até Espanha e gastam o seu balúrdio, a outra grande maioria, que muitas vezes nem tem apoio de quem quer que seja, fá-lo num vão de umas escadas, numa casa de alguém que diz que sabe que faz as coisas que não se ensinam, numa "clínica" clandestina que lhe desgraça o corpo e o resto da vida. Essa é que é essa. E então? Vamos continuar a querer que estas coisas aconteçam? E que, depois de tudo, ainda sejam perseguidas e julgadas em tribunal como se tivessem cometido algum crime? Não.. é-me difícil não ser parcial, reconheço. Acho muita piada às pessoas que comentam que já ajudaram amigas grávidas e que "correu tudo bem". Associo isso a quando as tias, primas, sobrinhas, amigas ou whatever, se oferecem para tomar conta dos respectivos. Por uns bocados, umas horas, uns dias, uns meses até. Depois, ala para a casa das mães deles. Sim, nunca ouviram dizer: "Eles são muito giros mas é lá na casa deles"? A ideia é exactamente a mesma. Por mais ajuda que se receba, eles continuam a ser nossos e NOSSA responsabilidade. Ou pelo menos, essas seria a lógica proeminente.

É que depois ainda há duas coisas que me irritam solenemente.
A primeira é que (e eu não tenho quaisquer pretensões feministas, note-se) eu não suporto ouvir homens a falar do não-direito da mulher com o seu corpo e com o que está dentro dele, não suporto ouvi-los dizer que elas não têm direito a escolha, que não pode ser assim tão difícil aceitar a gravidez e isto e aquilo. Pelo amor de Deus, mas então? COMO é que eles podem saber? Como? Eu também não falo com verdadeiro conhecimento de causa; nunca estive grávida, lá está. Mas posso vir a estar.. ao passo que eles, não. Portanto, com que moral é que se insurgem sobre o corpo da mulher e sobre aquilo que ela pode/deve/escolhe fazer com ele? Digam-me o que disserem, nunca hei-de conseguir perceber. E é certo que por uns não devem levar todos, mas são elas que são abandonadas no momento crucial.. é sobretudo a vida delas que muda, a partir do momento da concepção e depois cada vez mais. Não sei explicar isto.. é mesmo uma coisa que me irrita.
A segunda centra-se no facto de que, grande parte das mulheres (e homens também) que oiço gritarem pelo Não, são exactamente aquelas mulheres (e homens) de uma geração que lutou e gritou "Viva!" por uma revolução que acabou com a ditadura no país em que vivemos. Uma geração que acreditava que a liberdade era o caminho. Uma geração que, numa parte considerável, também teve os seus "desmanchos", que só não contam agora para a estatística porque grande parte das gerações posteriores não sabe da sua existência. Chateia-me. Chateia-me sim, porque não estão a agir com honestidade.

Eu acho que um feto com 10 semanas já é um ser vivo sim. Sei perfeitamente que já lhe bate um coração. Sei também que não tem ainda cérebro formado ou qualquer indício de sistema nervoso central. Sei ainda que por isso mesmo, não pode ser considerado um ser humano. Não estou equivocada; sei ao que nos referimos. Até porque, hoje em dia, já existem "fotos" dos ditos "bebés" desde bem cedo. Há até quem afirme que os vê a posar para a ecografia ou a fazer adeus (:P para a minha P.)! Portanto, eu sei o que está em causa.
Contudo, a decisão não é minha. É daquela mulher que naquele momento, naquela altura específica da sua vida, não darias as boas-vindas a um filho. Os motivos são só dela (em conjunto com o pai da criança, seja esse o caso). E quem sou eu para a julgar? Quem sou eu? Quem és tu? Quem somos nós para saber o que é melhor para ela? Podemos aconselhá-la sim, podemos dar-lhe as razões do Sim e todas as do Não.. mas at the end of the day, a decisão é DELA. Só dela; e nós, surpreendentemente para muitos, não temos nada com isso.
Para mim, é nisto que se baseia o referendo do dia 11. Não é no quando, como, porquê, onde. É no aqui, agora, já e depois.

Quantos de nós podemos andar aí a dizer de boca cheia que nunca faríamos isto ou aquilo? Quantos de nós sabe o que nos reserva o futuro? Então para quê cuspir para o ar o que nos pode cair em cima? E vejo a "minha" geração a cuspir assim a potes.. a dizer que nunca faria isto ou aquilo. E se naquele dia não tiveres o bendito Durex e pensares "oh, só desta vez"? E se, naquele outro dia, aquilo se rasgar? E se, naquela semana, a pílula te passou ao lado? Fazes o quê? A meio de um curso na universidade (paga pelos pais, calculo) e com a vida toda embrulhada ainda? Com um sustento de um primeiro emprego que mal dá para ti, fazes o quê? Dás a criança aos teus pais para eles a criarem? Pode até ser.. mas como diz a minha querida d. D.: "Se eu quisesse fazer mais um filho, eu ainda sabia como. Não preciso que o faças por mim"! E eu concordo tanto com ela. E bem sei que há outras soluções. Claro, há casas de adopção. Claro, há muitas Casas Pias por aí, ou Casas Gaiato.. mas é tudo tão relativo. É que também há aquelas meninas de dois anos que morrem à fome, numa casa na Suíça. E depois há aquelas recém-nascidas que são violadas e espancadas pelos próprios pais. E ainda a Joana do Algarve, que nunca ninguém saberá todo o mal que lhe fizeram. Claro, há muitas soluções.
Ainda assim, e for what is worth, abortar ou não continua a ser uma decisão minha. Até porque se assim não fosse e um feto de 10 semanas já decidisse mais do que eu, então o meu filho com dois anos também seria o dono e senhor das minhas escolhas. E não me parece que assim seja. Os filhos podem ter influência nas decisões dos pais, mas não podem (ou não devem) ser as crianças a tomar as decisões. Só mesmo porque os adultos somos nós.. e a autoridade, assim como a maturidade, é uma coisa que se adquire com o tempo e não com campanhas.

Não sei.. continuo a achar que é tudo muito relativo. Não é a opinião pública que vai decidir o referendo. Não se iludam. São os rios de dinheiro que correm por detrás deste assunto que vão ditar as (novas) leis deste país. Aquelas pessoas que estão na clandestinidade a ganhar os tais rios de dinheiro, aquelas pessoas a quem o aborto despenalizado não interessa para nada e só lhes vai estragar o negócio. Aquela gente que não se preocupa com nada nem ninguém, só com o seu bem-estar.
Então, o que me chateia mesmo aqui é ver que o assunto está a ser completamente diverted e que, no fim, já ninguém sabe o porquê de estar a votar Sim ou Não. E é uma pena. E vai haver imensa abstenção. E vai continuar a existir mulheres a abortar, ontem, hoje, amanhã e sempre. E se hoje os "assassinos" são os do Sim, Deus queira que depois, nos tempos vindouros, não se tornem "assassinos" os do Não, por todas as mulheres e jovens que morrerão nos cantos escuros desse nosso país.
Pois, é isso tudo mesmo.


Note-se que esta é apenas a minha humilde opinião. Cada pessoa terá, com certeza, a sua.