19 julho 2007

Post-its


"Às vezes dou por mim a pensar que já nem me lembro da última conversa de amigos que tivemos. Não me lembro. Nem do quando, nem do porquê. Até já estou habituada a que as pessoas saiam da minha vida pela porta dos fundos, pela janela ou até mesmo saltando o muro. Mas tu... tu saíste pela porta da frente. E não a fechaste simplesmente... bateste com ela, de tal modo que fiquei atordoada e sem saber como reagir. Agora ficamos assim, um sem o outro, só porque tu achaste que sim. Ou tu, ou ela."


"É que já nem é o passado que me chateia. Já nem é o que fizeste ou disseste ou deixaste de fazer ou dizer. És tu, mesmo. Não suporto a tua presença. O teu sorrisinho cínico. O facto de te passeares por aquela empresa como se fosses o senhor e o dono da razão e tivesses todo e qualquer motivo para andar de cabeça erguida. E ouve, se há alguém que teria todas as razões para complexo de avestruz, tu és uma delas. Acho que nunca me dei tão a sério com alguém que depois desprezasse tanto."

"Queria que entendesses que isto não é um arrufo. Pelo menos, não é um daqueles que a tua mãe costumava apelidar de namorados. Aliás, eu nem sei o que isto é. Falta de comunicação, mais do que qualquer coisa. Qual é exactamente o problema? Estás zangada porquê? Ou não estás... é desprezo puro, então. Eu sei, sim; sempre soube. Eu preciso mais de ti, do que tu de mim. Mas o tempo passa também... e a importância das coisas acaba por desaparecer. Estás a perder o que não devias, estás a privar-me de coisas que não podias. Enfim... talvez um dia as coisas melhorem. Talvez um dia percebas que não é por não falarmos das coisas, que elas se extinguem e deixam de ter significado. Até lá, não esperes por mim."

"Já chega, entendes? Já chega dessa atitude parva e um tanto ou quanto infantil. És uma mulher feita, já bem crescida. Que lógica é que têm essas parvoíces? Estás a dar cabo de ti e a constranger os que te rodeiam. Sou tua amiga, sim. Sempre fui. Mas não entro nesses joguinhos de toma lá, dá cá. Nessas histórias de promessas vãs, de discursos não pensados e de choro sem sentido. Queres mudar as coisas? Então pára de falar sobre o assunto e age. Se não queres, então não me envolvas em nada disso... simplesmente porque eu não posso, nem quero ter qualquer papel nesse filme. Já me bastam os meus."

"Irrita-me que sejas assim. Irrita-me que aches que podes ser a melhor amiga quando te convém e ficar meses sem dizer nada, quando já não precisas de "desabafar". Acho que não eras assim. Acho que nunca foste tão self-centred, foste? E eu sei que acabar um curso é complicado. Eu sei que no primeiro ano passamos por muitas coisas e que a entrada no mundo do trabalho e dos ditos crescidos não é coisa fácil, mas e daí? Achas que foste a única? Achas que só a ti é que te surgiram dúvidas? Achas que é justo que só te lembres das pessoas quando as coisas não te correm bem? E depois dizes à boca cheia que sou das tuas melhores amigas. Que sou das pessoas que melhor te conhece. Maybe so. Mas, clearly, tu não és das que melhor me conhece. E é uma pena, já que tínhamos tudo para que assim fosse."

"Não percebo o que pretendes de mim. A sério que não. É uma sensação de não come, nem deixa comer. E bem sei que toda a nossa "estória" não abona a favor de nada. Pouco de mim, mas tão menos de ti também. Entendes isso? Nunca foi só de um lado, nunca. E podes levar o resto da tua vida a dizê-lo em voz alta. Podes dizer isso de mim, da outra e da outra. Mas põe a mão na consciência... pensa comigo... não estás propriamente inocente, estás? E nem podias, porque nunca ninguém o está. E não, agora não quero nada disso. E nem devia precisar de me justificar. As coisas não podem ser como tu queres porque não podem. Sabes tão bem as razões como eu, portanto e como diria a Harriet Hayes: Don't play stupid, it's incredibly rude. (...) These are acts of cruelty, disguised as cuteness."

2 comentários:

Anónimo disse...

"Irrita-me que sejas assim. Irrita-me que aches que podes ser a melhor amiga quando te convém e ficar meses sem dizer nada, quando já não precisas de "desabafar". Acho que não eras assim. Acho que nunca foste tão self-centred, foste? E eu sei que acabar um curso é complicado. Eu sei que no primeiro ano passamos por muitas coisas e que a entrada no mundo do trabalho e dos ditos crescidos não é coisa fácil, mas e daí? Achas que foste a única? Achas que só a ti é que te surgiram dúvidas? Achas que é justo que só te lembres das pessoas quando as coisas não te correm bem? E depois dizes à boca cheia que sou das tuas melhores amigas. Que sou das pessoas que melhor te conhece. Maybe so. Mas, clearly, tu não és das que melhor me conhece. E é uma pena, já que tínhamos tudo para que assim fosse."


Acho que vou pegar nesta parte do texto e enviar para uma ou duas pessoas. Escreveste isto tu ou retiraste de algum sitio??
* * *

Sofia disse...

Claro que fui eu que escrevi. :)
E podes usar à vontade... bem sei que não sou a única com "amigos/as" assim.
Beijo