Paredes brancas. Tectos brancos. Batas brancas.
Lençóis brancos. Fronhas brancas. Luzes brancas.
Nunca percebi muito bem se todo este branco era para dar mais luz ou
para ver mais rápido e claramente o sujo. Mas sempre achei que lhe dava
um tom demasiado imaculado para as coisas às vezes demasiado feias que
podem ocorrer.
Dentro destas quatro paredes a cabeça parece um mecanismo que nunca
deixa de funcionar. Irónico como ao mesmo tempo tenho a sensação de que a
cabeça está completamente vazia ou isenta de neurónios.
Uma coisa é certa: estou sozinha aqui. Não só porque aqui não há ninguém, mas porque mesmo na altura em que ainda havia continuava a sentir-me sozinha. São aquelas coisas que sentimos, mas que não dizemos. Para quê?
E os minutos passam, as horas passam. Ouvem-se gritos de dor,
gargalhadas de alívio e os comentários de quem todos os dias conhece
gente nova e tem de ter sempre um sorriso na cara. Verdade seja dita,
nem sempre o conseguem. Mas a vida é complicada para todos.
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