16 abril 2007

Oasis - Stop Crying Your Heart Out






"You can't change who people are without destroying who they were."
Jason Treborn







Conheço algumas pessoas que se arrependem das coisas que não fizeram; outras que não se arrependem de nada, porque acham que a vida é mesmo assim - cheia de coisas que não controlamos; outras que acham que tudo tem uma razão de ser; outras que acham que o destino já nos tramou a todos e que estamos aqui mesmo só a cumprir o que já traçaram por nós; outras que nem sabem a quantas andam e que também não querem saber; outras que fazem tudo certinho e direitinho, mesmo que depois no fim nada as faça respirar de satisfação; outras que se arrependem de muita coisa, mas que já não têm tempo para pensar nisso e outras que têm as suas próprias ideias. Conclusão? Conheço demasiadas pessoas! LOL

Acho que sempre me arrependi mais do que fiz do que daquilo que não fiz. Até porque há poucas coisas que não tenha feito, na acepção do tipo de coisas que poderíamos pensar duas vezes antes de as fazer. Dizem que é característica de uma pessoa impulsiva. Txaram, here I am.

Aprendi com o tempo que é estupidamente difícil contrariar as coisas que moldam a pessoa que somos. E aprendi sempre à custa de dramas, histórias e filmes daqueles que podiam ter tido público, plateia ou audiência. Perdi a conta às vezes em que imaginei como o rumo das coisas teria sido outro, tivesse eu agido de maneira diferente aqui e ali. Claro que depois percebia que alterando algumas coisas, impedia que outras tivessem sequer existido e ficaria tudo demasiado estranho. E se numas vezes cheguei à conclusão de que isso seria uma boa solução; noutras percebi que nada deve ser evitado assim e que as coisas têm o seu rumo natural.

Recuso-me a achar que tudo o que aconteceu de errado até aqui tenha sido, única e exclusivamente, culpa minha. Até porque seria irreal pensar dessa forma. Contudo, nas vezes em que imaginei fins diferentes para a mesma história, era sempre eu que mudava aqui e ali. Ou talvez nem sempre, agora que penso mesmo nisso. Deve ter a ver com a perspectiva das coisas. Deve ser normal que só vejamos a nossa versão modificada com tanta nitidez. Conhecemo-nos, sabemos exactamente os pontos fracos e onde dói mais.


Numa altura da minha vida em que andava neste impasse em todos os minutos dos meus dias, fui com a minha amiga C. (grande companheira de inúmeras tardes de cinema, durante o chamado período académico) ver o Butterfly Effect. Assim à toa, sem saber bem de que se tratava. Como aliás vou quase sempre, para grande desespero da P.! LOL
Enfim.. vim de lá com um aperto no coração; com um daqueles nós na garganta que se transformariam num pranto, caso o abraço certo tivesse chegado ali e naquele momento oportuno. Claro que não chegou, até porque fiquei em tal apatia que não consegui articular palavra. No caminho para casa nesse dia, revi todas as coisas que outrora tinha magicado. Todas as voltas e reviravoltas que faziam parte do mosaico paralelo ao da minha vida real. Acho que nunca nenhum filme me disse tanto assim logo à primeira. Acho que nenhum outro filme foi tanto ao pormenor de uma coisa que eu já sentia há tanto tempo. Claro que eu e o Evan temos vidas completamente diferentes, claro que ele é ficção e eu não (pelo menos na maior parte do tempo!), mas o mosaico dele era surpreendentemente compatível com a minha esperança de que as coisas podiam ter sido diferentes. E não digo só em relação a ti, ou a ti ou àquilo ou à outra coisa, digo em relação a inúmeras coisas pequenas que, numa existência paralela, teriam forçosamente de ser adaptadas.

Há uns dias, um amigo disse-me que o filme ia dar na TV. Há já uns tempos que não revia o filme; em 2005 "apresentei-o" a várias pessoas e vi-o sem contar as vezes. Assim, acabei por me render ao puro prazer de ficar de novo colada a um enredo que me diz tanto. E, como se não bastasse, a introdução da música no final.. aquela música, A música, que funde todos os bocadinhos dispersos ao longo do filme, todos os bocadinhos da nossa vida que também precisariam de remendos e que os cola permanentemente num outro mosaico que já não tem volta, que já não pode ser transformado nem mudado.

Isto é o que temos. Isto é o que tenho. Não adianta remoer muito mais no assunto. Fico-me só grata por um dos melhores filmes da minha vida. :)

2 comentários:

vera disse...

é mesmo um grande filmaço, sim senhora!

e concordo com tudo o que dizes. nem vale a pena deixares de ser impulsiva. eu cá só me arrependo de não ter adoptado este postura do "mergulhar de cabeça e não me arrepender de nada" mais cedo. é tão natural e sabe tão bem.

***

Vítor Henriques disse...

De tudo o que já li, esta parte, foi a que mais tem a ver comigo, tambem estou constantemente a pensar no que poderia ter feito se nao fizesse algo ou se fizesse de outra forma quais seriam as consequencias, bem... adorei o k escreveste, Beijo

E já agora, grande filme sim senhor, ainda hoje me lembrei quando ele acorda sem braços e diz: "What the fuck is this?!" LOL