19 abril 2007

Here with me


Não é por mal, R., a sério que não. É só que… os dias passam. Os meses, os anos. As coisas acontecem e vão-se sucedendo. A vida continua sem nunca parar; ainda que todos quiséssemos um pequenino intervalo.

Não é que não continue a doer; claro que dói. Não é por te ter esquecido, nada disso. São vários os dias (e noites) em que me lembro de ti. O olhar que cativava e aquele sorriso bom. Ninguém te substituiu. Sei que até podes pensar assim, mas não é verdade. Aliás, eu até gostava de poder falar mais de ti, das poucas coisas que ainda tenho para contar... mas não é fácil achar quem me oiça sem constrangimento. Better yet, é extraordinariamente difícil. As pessoas não lidam bem com estas coisas, sabes? Fazem aquele sorriso desajeitado e percebo que tenho de me calar ou, pelo menos, de mudar o assunto. Não tem mal, é compreensível. Acho eu.

Contudo, isso não muda em nada o que se passa entre nós. Não muda em nada a falta que me fazes. E não é parvoíce, não é paranóia... há coisas que acontecem por um motivo, mas R., esta não foi uma delas. Ou então... eu ando muito equivocada sobre o assunto.

Já viste bem quantos anos passaram? Consegues perceber como tudo mudou? Consegues ver como a evolução tem sido complicada?
Acho que ainda ninguém passou da fase de adaptação. Por isso é que o silêncio continua a ter este peso. Por isso é que pouca gente se digna a falar contigo, a ouvir o que tens para dizer. Eu gostava de poder ficar mais tempo lá sentada, junto de ti. Gostava de, numa realidade paralela, poder ouvir-te rir, contar histórias, dizer coisas que só miúdos com quase 7 anos dizem. Gostava de saber como entoarias as palavras, como conjugarias mal os verbos mais difíceis.
Gostava de saber se continuas a bater palmas quando estás contente. Se a praia ainda é para ti das melhores coisas. Se continuas a detestar o amarelo. Se já te fartaste do nosso jogo das mãos.

Eles herdaram muito de ti, sabes? Toda a gente finge não ver, mas há muitas coisas das que eram tuas neles. Acho que irias adorá-los. Não por obrigação ou pelo sangue, mas porque são miúdos extraordinários e repletos de pormenores que só tu irias entender. Sei que sim.

Eu hoje dava tudo por um abraço; daqueles que já sabias dar tão bem. Dava tudo por umas festas no cabelo, daquelas que fazias quando o sono já apertava. Dava tudo por te sentar no meu colo agora que já és grande, como outrora fazia quando não passavas de um bebé crescido.

Tudo mudou, R.; não é só de agora. Não foi só este ano. Às vezes sinto-me culpada por não me lembrar o suficiente. Fico triste por já não conseguir recuperar o teu cheiro; o teu toque. O coração fica apertado quando revejo na memória todos os minutos daqueles dias. O branco não foi o suficiente para que pudesses acalmar as almas perdidas. Sabes bem que, a única coisa que me consola, é a certeza absoluta de que não estás sozinho. É saber que tens agora, tal como eu tive, oportunidade de poder crescer junto das duas pessoas com o melhor coração deste mundo. Tens a sorte de ser mais amado ainda, por uns (bis)avós que te consideravam como (bis)neto. E digo-te, aqui entre nós que ninguém nos ouve, não há ninguém que dê melhor mimo do que esses dois tontos, que tudo fizeram para que nunca nada me faltasse.

Confia em mim; há amores que não precisamos de conquistar, são-nos oferecidos. E o meu será sempre o teu.

4 comentários:

Anónimo disse...

ele3 ia ser tudo aquilo q idealizas e mt mais..

** (L)

Anónimo disse...

De tudo o que li de teu, este texto foi o que sem palavras me deixou... porque sei o quão profundas são, em ti - para sempre - as raizes deste amor.

Por respeito e porque as palavras aqui não servem, recolho-me ao silêncio que as frases que teceste em mim bordaram.

vera disse...

oh bolas, madeline... estou sem palavras...

Cromossoma X disse...

tão lindo!